Todo dia é essa batalha, para vestir essa armadura de não-dor, para ficar tudo bem, para prosseguir. Depois de tanta queda o jeito para me proteger foi endurecendo. Mas ainda tem tanto espaço intacto, tanto sentimento vivo, que quem chegar mais próximo vai sentir o cheiro e ver que essa armadura é frouxa. Chega perto de mim, pega minha mão, esquece o que passou.
Com todo esse tempo que passou eu só aprendi a terminar todo texto com uma súplica de volta. Eu inverti, eu aprendi, cai, machuquei e sangrei. Racionalizei, repensei, apaguei e reescrevi. Usei e vivi todos os verbos, até os mais sujos. Mas no escuro da noite, dentro do quarto é ainda mais escuro, me acompanho de uma espera tão tangível que chega a ser certeza.