Páginas

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

3º pessoa

4 de Novembro de 2008
21h37
Faz tempo que uma idéia fecunda a mente, encontra vazão no sentimento.
É tanta coisa vista, falada, escrita, lida, interpretada, que às vezes o simples se perde em meio a esse complexo nada. Queria de volta a emoção do novo. Queria poder sentir o frio na barriga, o entusiasmo, o brilho no olho, mas temo cair no tédio, na tendência, na indiferença.
Enquanto travam-se batalhas diárias contra o marasmo que assola, e tenta dar um sentido para o que considera uma vida boa, mais um dia se encerra e vem aquela triste sensação de frustração por não ter feito dele mais simples e cheio de emoção. Temer cair naquele caso comum, de muito falar e pouco fazer e ver que a vida que se leva não condiz com o que se pensa, se sente, se deseja e constatar que fazer a diferença não parece ser tão simples, ou o é, porém é tão óbvio que fica difícil enxergar.
Emoções superficiais, sorrisos falsos, simpatia por conveniência; nada disso faz sentido mas parece tão bem aceito que se pratica e nem percebe. Mas é naquela hora que se pára e olha em volta e se vê o que se construiu e nem sempre ficar contente com o que vê, daí chorar instintivamente sem saber explicar o porquê. E os sentimentos verdadeiros se perdem, são substituídos por emoções de plásico, compradas no tamanho, peso e embalagem que preferir, em qualquer loja de esquina. E a moda dita que o novo hype não é ser e sim ter, vestir, mostrar a armadura que se criou para se proteger de si mesmo.
E passa-se a acreditar que o mal é inerente ao homem, perde-se a essência, cria-se novas sensações para a fuga da realidade. O senso do coletivo é esquecido e o sentimento alheio é apenas um detalhe irrelevante que facilmente é ignorado.
E de repente aquele mundo encantado que o último dos acreditados via, se esvai, vira fumaça e ninguém pede licença para o trazer à realidade. E o jogam responsabilidades, regras, leis, estatutos e o caralho, que ditam a ordem, o que fazer, dizer, vestir. E que se engula goela a baixo, não interessa se ficar atravessado. Goela a baixo também se vão os sonhos, desejos, encantos mais íntimos de mais um sonhador que o mundo acaba de matar. Goela a baixo se vai mais uma vida que vai parar na fossa.
Enche teus pulmões, pois vai precisar de todo ar que neles há.

2 comentários:

  1. - meudeus lê, vc ta fazendo faculdade de que? vc tem que ser jornalista, daquelas que escrevem aqueles textos fodas, premiados e tudo mais. *-*

    ResponderExcluir
  2. Oi Leticia, eu estou bem, e vc?
    Obrigada pelo comentario, fiquei feliz em saber que alguem gosta do que eu escrevo :)
    Só estou começando e espero conseguir levar pra frente o blog e essas coisas.
    Andei lendo os seus textos tambem, vc escreve muito bem, menina. Muito bem mesmo.
    Bjoo querida

    ResponderExcluir

Puxe a poltrona e fique a vontade.