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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Eu não tenho medo de voar alto e cair no chão. Aliás, eu não penso na queda, só na plenitude do vôo, aproveito o momento. Não é questão de perder o senso da realidade. Pelo contrário. Estou bem ciente de que tudo ao meu redor está vivo e pode muito bem me derrubar. Mas como também pode me impulsionar, é só eu escolher de que modo quero enxergar cada ato. Vivo agora tudo o que puder e planto o que virei a colher. E sei muito bem que cada ação minha terá uma conseqüência que EU viverei. Estou disposta e pronta pra viver minha vida.
Deus só dá asas pra quem não tem medo de voar!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sintonia

Eu preciso mesmo aceitar que ciclos se encerram, assim como toda coisa viva um dia morre. Mas não se trata de um aceite submisso. É compreender que a fase acabou, e que veio pra me ajudar evoluar e melhorar em alguma coisa.
Você chegou na minha vida de maneira tão inesperada. Pacientemente me ouviu, me encantou e apoiou e me fez tão feliz. Que coisa mais egoísta, porque, às vezes, tenho a impressão que só eu que me senti tão nas nuvens. Mas eu sei que foi recíproco e só de saber disso, o brilho no meu olho aumenta como se fossem faróis pra te guiar.
De alguma forma que eu não sei explicar, você cuidou do buraco que eu tinha no peito. Não digo que a ferida sarou, mas com suas mãos e carinhos, fez com que parasse de sangrar, e as bordas não ardem mais. Ficou bem mais suportável, por vezes até confortável.
Eu dou todas as estrelas que você quiser, eu te levo para o universo só pra não te ver triste nunca mais. Porque mesmo se faz pouco tempo que nos encontramos, eu nem lembro direito de como era minha vida sem o colorido do seu sorriso. Eu amo você menino, muito mesmo. Um amor assim difícil de explicar os motivos para os outros, mas tão bom de sentir.
Te sinto perto mesmo quando não está. É pura sintonia e eu adoro. Quero viver dessa boa sensação pra sempre.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

For given

Quisera eu ser detentora de todas as palavras existentes pra poder explicar a sensação de sentir-se perdida, sem rumo e presa a um passado distante. Eu me enganei por tempo demais, omite muitas coisas quando tive oportunidade de rasgar o verbo, mas não me arrependi. Porém é sempre assim; quando se está lá na frente é que vamos parar para pensar na primeira bifurcação com que se deparou, e como teria sido se tivesse escolhido o outro caminho. 
Só sei que amar o complicado pode ser tão fácil, tão doce. Fica até fácil imaginar tudo que envolve esse clima de mistério que nossos silêncios desenham no ar. Eu amo você. 
Todas as noites, todos os dias, cada noite e cada dia, eu penso, lembro, recordo, desejo. Estou bem cansada de revirar minha memória e imaginar futuros e possibilidades e palavras e bocas. Às vezes desconectar é necessário.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Você e a noite escura

Quando as circunstâncias te forçam a se afastar da pessoa que você gosta, depois que passa a dor, a gente passa a enxergar com o dobro da lucidez de antes.
Eu, por todos esses dias de silêncio gritado, te amei devotadamente, hoje eu entendo os sentimentos. Meu silêncio velado levava meus pensamentos a te visitar, a cada dia que eu acordei respirando e não foi hoje que isso deixou de acontecer, por isso escrevo.
Recordando as conversas passadas, formo um filme na minha cabeça. E não sei como pude ser tão cega para não enxergar os sinais que você me dava. Falava sobre esperar, eu sempre odiei esse papo. E como que por ironia, ele tem sido meu companheiro, enquanto eu espero o dia do nosso reencontro. Porque esse dia vai chegar. Eu preciso dizer que senti sua falta com força todos os dias, como eu te vejo quando fecho os olhos, como sinto seu cheiro e como te amei, mesmo quando te detestei.
A verdade é que me envolvi com tantos outros achando que finalmente me libertaria desse sentimento, mas depois que me frustrei com eles - estranhamente nenhum tinha graça ou eu enjoava - eu só constatava o mais óbvio: que eu te amava mais, e claro que eu me detestava por isso. Admitir isso agora é mais fácil.
Todas as minhas rotas de fuga, todos os meus planos para escapar de você, só me jogavam mais fundo no abismo da sua lembrança, do seu tom, do seu compasso e melodia. E às vezes tarde da noite me encontrava naquele estado entre a dormência e o sono e desejava com tamanha força que de manhã eu despertasse pra ver seus olhos me encarando.
Todas as minhas saídas, todos os meus envolvimentos, todos os olhares para outra direção que não fosse a sua, tudo isso foram apenas tentativas de te esquecer, ou melhor, te apagar da minha vida, apagar tudo o que aconteceu, apagar o sentimento que vivia e ainda está vivo. As pequenas coisas, desde o início estavam aqui, e todos me apontavam, mas eu não queria ver.
Hoje eu quero te reencontrar pra mostrá-las todas a você. Te empresto meus olhos pra você enxergar com essa lucidez que os clareia. Somos aquelas paralelas que se encontram no infinito. No nosso infinito.
"- Qual a diferença entre o que você sente por mim e o que sente por Janie?
- Não vou menosprezar Janie, porque ela é uma ótima pessoa, mas não tem comparação...- Ele estalou os dedos.- Tudo bem, acho que achei um jeito de descrever! Você já teve uma dor de dente daqueles horríveis, imensas, inesquecíveis? Uma daquelas que dá vontade de gritar, como se a gente sentisse um choque elétrico que entra pelas orelhas, atinge o cérebro e é tão terrível que quase dá para enxergar a dor? Pois então...Imagine essa mesma intensidade para medir meu amor e você vai entender como eu me sinto em relação a você.
- E quanto a Janie?
- Janie? Janie é como quando você bate com a cabeça em um teto baixo. Dói, mas não é insuportável. Isso faz algum sentido pra você?
- Por mais estranho que pareça, faz."



"Anybody Out There?", Marian Keyes

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Saquê

Você tem idéia de quantos dias te esperei sentada? Tem idéia das noites que dormi tarde pensando em uma maneira de escapar daqui só pra te dar um beijo de boa noite e, depois de cansar minha mente em busca de um estratagema, finalmente dormir e ver que nem assim  conseguia tirar você do centro das atenções porque você estava nos meus sonhos? Hein? Você tem noção de quantas cartas já escrevi, de quanto tempo passei com sua ausência presente? Hein, faz idéia? Você deveria considerar todo o tempo que esperei uma atitude da sua parte depois de saber tudo o que eu sentia, depois de saber que eu estava ridiculamente entregue à você, antes de ficar me dizendo que temos todo o tempo do mundo e que tudo vai se resolver. Pelo amor de Deus, eu não aguento mais ouvir isso de todo o mundo. Você não, por favor! Me encantei por você exatamente porque no meio de todo mundo que me cercava você era o único que não tentava me confortar com essas palavras manjadas que soam tão clichê. Eu sei que o tempo dura o suficiente, mas acontece que temo que esse sentimento tenha passado do prazo de validade. E eu ainda te amo, mas não sei mais de que forma. Eu sei que algum motivo existe, mas é que nunca entendi porque você escolheu o silêncio para falar por você. E talvez - cada vez tenho mais certeza disso - essa ausência de palavras tenha sido o que escavou o abismo que há entre nós hoje e que eu ainda tento superar construindo a ponte para atravessá-lo e chegar aí.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

E se...

E se eu fosse embora pra bem longe e por muito tempo? O que mudaria nas coisas aqui? Sentiriam minha falta ou nem notariam? Às vezes tenho vontade de pagar pra ver. E olha que eu encontrei um lugar secreto. 
Mas no fundo eu torço mesmo pra que me encontrem por lá. 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Monstro embaixo da cama

Tem uma coisa aqui dentro de mim, que pesa, que me faz querer chorar. Mas minhas lágrimas estão presas e só consigo emitir um som rouco pouco convincente. Se passaram exatamente doze minutos da uma da madrugada e eu estou deitada na minha cama, com uma angustia numa mão e uma saudade na outra, tentando inutilmente distrair-me dessa vontade de sair porta afora. 
Não é tristeza, mas é vontade incontrolável de me desligar um pouco dessa realidade. Está tudo misturado, sentimentos, fatos, frases, promessas, tudo no ritmo da música e eu não queria nada disso, eu só queria deitar no chão, olhar o céu, ai fechar os olhos e chorar tudo o que tenho que chorar, falar tudo o que tem que ser dito. Aproveitando meu estado vulnerável, minha imaginação trabalha pra me enlouquecer, meus medos afloram, meus sentidos se aguçam e pedem por algo que não posso ter comigo sempre. Não quero ser um calendário do ano passado entende. 
Eu quero palavras diretas, eu quero ações conclusivas. Promessas angustiam e me dão esperanças placebas, porque é conforto. Quero abraço demorado, olhar intenso. Quero chorar, quero rir entre lágrimas.
Os fatos recentes cairam como uma bomba em cima de mim e eu achei que poderia me manter forte 100% do tempo. Mas chega uma hora que dores somadas pesam demais para ambos os lados e meu coração quase falha no teste. 
A verdade é que preciso de abraço apertado, todo dia :/

domingo, 3 de janeiro de 2010

Fragmentos de insônia

Confessar que te amo seria fincar ainda mais fundo a estaca do meu sentir no seu território. Ainda não quero perder o domínio de mim.
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"Ela já havia suportado todos os traumas e crises, tantos cortes e cicatrizes, ja convivia bem com tais marcas exteriores, dava dimensão do que ela era, do que poderia aguentar. Mal sabiam que sangrava mesmo era por dentro. Era hora de cuidar das feridas do coração."
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Encontro-me num momento único, de estranho júbilo de meu estado narcoléptico e plena lucidez do algodão que me envolve. Ah se me dessem um giz eu desenharia um broto de feijão nessa parede que me olha com cara de assustada porque só ela é testemunha deste instante que amanhã não recordarei. Às vezes a detesto por guardar tantos segredos calada. Deve sofrer, a parede. Por isso rabisco. Que seja um sofrimento colorido.